A popularização das TVs a cabo, com suas incontáveis séries e animações, está fortalecendo um mercado em particular: o de dubladores. É nesse cenário que atores registrados encontram novas possibilidades de atuação. Cada filme dublado pode render até R$ 374,35. Se o longa chegar aos cinema, o valor é triplicado e um dublador pode receber mais de mil reais por trabalho.


Marcelo Sandryni e Roberta Nogueira: dubladores há 14 anos

Para atores que vivem no Rio de Janeiro, o mercado é ainda mais favorável. Ao lado de São Paulo, o estado concentra os principais estúdios de dublagem do país. Mas, para se tornar um dublador, o ator precisa ter registro profissional e se especializar. Alguns estúdios oferecem cursos na área. Depois, é só correr atrás de bons trabalhos em estúdios.

Com 13 anos de carreira, o dublador Marcelo Sandryni, de 42 anos, acumula no currículo personagens como Apu, o indiano do seriado “Os Simpsons”, o guaxinim RJ, da animação “Os sem floresta” e o gênio Norman, do desenho animado “Os padrinhos mágicos”. Mas, segundo o profissional, a estabilidade profissional só chega depois de muito esforço.

“É preciso ter muita técnica e isso a gente aprende se especializando. É preciso ter um sincronismo perfeito, que é a habilidade de falar o texto no mesmo tempo do ator” explica o dublador, que também trabalha como ator e coreógrafo.

Dubladores oficiais

O sucesso de um personagem ou de um ator também pode ajudar na carreira de um dublador. Existe um banco de dados desses profissionais, que costumam emprestar a voz aos mesmos desenhos e artistas. Por isso, vincular a voz a um personagem importante pode ser fundamental para a carreira.

“Quando o estúdio é contratado para dublar determinado produto, eles chamam os dubladores “oficiais” de determinados atores ou personagens. Tem alguns atores que dublo há muitos anos” conta Sandryni, que chegou a dublar Michael Jackson, em “Moonwalker”.

Possibilidades de atuação ilimitadas

Pelo acordo coletivo de 2010, firmado entre o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Estado do Rio de Janeiro (Sated-RJ) e o Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual (Sicav-RJ), um dublador contratado deve receber R$ 57,57 por hora trabalhada. Para trabalhos eventuais (sem vínculo empregatício), o valor sobe para R$ 74,87.

Para um dublador iniciante, a dublagem de um longa-metragem pode demorar até cinco horas. Nesse caso, a remuneração chega a R$ 374,35 (não contratado). Se o filme for para os cinemas, a remuneração do ator chega a R$ 1.123,05.

De acordo com a dubladora Roberta Nogueira, de 39 anos, que há 13 trabalha na área, as possibilidades são ilimitadas.

“Em um dia, o dublador pode fazer vários filmes. Os de cinema são mais raros, mas, em compensação, hoje temos muitas séries de TV, o que nos dá estabilidade.”

Fonte: Extra Globo